Dismembra é uma peça generativa e virtualmente infinita construída a partir de um número finito de samples extraídos exclusivamente de músicas punk se sobrepondo e soando simultaneamente a partir de parâmetros estocásticos definidos em tempo real e sem previsão de término.

Para construção do programa que executa a obra, utilizei dois grupos de 46 arquivos não-nomeados cada, sendo selecionados (em dupla, simultaneamente) samples de acordo com intervalos temporais também aleatorizados. Outras aleatorizações incluem: a velocidade de execução, o tamanho do loop e valores de um efeito de delay (repetidor) que visa estruturar ritmicamente o trecho. Todas essas variáveis se realeatorizam indefinidamente, cada uma seguindo um metrônomo aleatório. Os valores acusados a cada novo sample são utilizados nas aleatorizações posteriores, criando um fluxo de auto-alimentação do patch uma vez que é dado o primeiro disparo.

A primeira aparição pública da peça foi como uma instalação sonora no festival Perturbe de 2014, entre os dias 25 e 27 de julho. Um notebook ligado a um amplificador ficava aberto, executando a obra durante todo o evento.

No dia 19 de agosto do mesmo ano, gravei vinte minutos do funcionamento do programa, que foram lançados em um álbum pelo selo Meia-Vida. A faixa em estéreo foi enviada diretamente do software puredata, sem adições posteriores de efeitos, edições ou faixas. Os cliques, pausas e atrasos do trecho são sintomas de uma incapacidade do computador em processar, em tempo real, a execução aleatorizada dos loops de forma perfeita. Este material se encontra em: https://meiavida.bandcamp.com/album/excerto-i

O gatilho dessa obra são o espectro da autoria artística, as figuras discursivas do compositor e do interpréte, a natureza da duração de uma obra, suas intencionalidades e sua recursividade interna.





DISMEMBRA

julho 2014

patch do software puredata, amplificador.