Recortei um intervalo de aproximadamente dois segundos de uma fita cassete do tipo metal e uni as duas pontas com fita adesiva. O resultado é um loop contendo um som de baixa amplitude, registro médio agudo e ataque lento (sonoridade encontrada ao acaso na fita) e outro som, de amplitude alta, grave e de ataque rápido. O segundo som é o som do corte-colado: ao passar pelo cabeçote, a fita adesiva gera um ruído.

Este material sonoro foi executado durante o festival PERTURBE de 2015, sendo mutado quando começavam as apresentações sonoras e interrompido quando os dias findavam. O loop agiu como “música ambiente”, preenchendo o espaço sonoro entre as apresentações. No começo do domingo, dia 2 de agosto, o motor do walkman parou de funcionar devido à execução contínua do loop. A fita se desgastou consideravelmente, apresentando apagamentos e laceamentos: alterações consequentemente disseminadas ao material sonoro.

Essa instalação parte dos regimes de escuta enquanto distração em determinados contextos e concentração em outros, além de ser uma construção de registro ou documentação performativa do festival — registro que torna-se principalmente acessível enquanto tal para quem ouviu por três dias consecutivos o loop.
TAPELOOP PARA FESTIVAL PERTURBE

julho 2015

walkman, fita cassete preparada, amplificação.